Thursday, September 29, 2016

Tolerância


      A vida é um negócio engraçado que ninguém ri no fim. Fazemos promessas que não conseguimos cumprir, negligenciamos aqueles que mais amamos, valorizamos quem não nos traz nada positivo. Mas também acertamos, ajudamos um amigo necessitado, ajudamos um desconhecido desesperado, compartilhamos sorrisos e abraços. A vida nos ensina de monte pra no fim, nada?
      Hoje me perguntei se o que a gente aprende na vida é de fato para nosso crescimento pessoal a longo prazo.Veja bem, no longo longo prazo você provavelmente não vai mais estar respirando, mas muitas pessoas que você conheceu estarão. Tudo que você fez a ou para alguém vai influenciar na construção do caráter dessa pessoa e do seu. Pode ser um algo aparentemente banal, mas que para aquela pessoa muda a direção do rio. Sobe a nascente e recomeça. Cada pessoa reage de maneira variada à cada estímulo. E aí está a beleza e dificuldade da diversidade. Robotizar facilitaria todos os protocolos sociais, mas deixaria tudo tão previsível e puramente chato. O nosso legado é buscar cada vez mais fugir do automático, aprender a conviver com as diferenças e cultuar a diversidade. Nossa herança é a força para ir contra a corrente do legal-chato, emocionante-massante, diferentes-clones. Algo que parece difícil de garantir, mas, na real, nada há de difícil em ser quem você é e respeitar os que não são você.
      Mais uma vez, as diferenças podem dificultar o convívio. E por que devemos nos incomodar com uma ou duas pedras no caminho? Invés de atirar pedras uns nos outros, podemos tirá-las do caminho juntos. Que tal aliar as diferenças e diminuir as complicações? Que tal se permitir enxergar as situações com os olhos de outro alguém? Que mal já foi levado a alguém que se colocou no lugar do próximo? Até onde eu sei, há apenas engrandecimento e amadurecimento. Estreitamento dos laços. Ganho de amizades. Conquista de sorrisos. Lenço para lágrimas. Espaço para abraços.
      O medo de falhar nos impede de tentar, o medo de ser ignorado nos impede de falar. A gente deve tentar, procurando não errar. Deve falar, mas depois de pensar. Não medir palavras às vezes é mais fatal que ficar calado. Omitir-se às vezes é mais fatal que falar besteira. Percebam a sutil diferença entre as duas afirmações antes de dizer que estou falando contradições. Se não tiver percebido, leia de novo e de novo, até entender. Se não entende, pede pro colega ao lado explicar. Fala! Não se torne um ser ignorante por medo de ser ignorado.
      Em um resumo bem resumido das palavras acima, o que quero dizer é que a maior riqueza de nosso testamento vai ser o respeito. Enquanto a gente desrespeitar, não vai ser só difícil conviver, será difícil existir.

Thursday, September 15, 2016

Descuido

          Há duas semanas a decisão do "adeus" se concretizou e foi cruel. Como tempestade você veio e deixou destroços. Vacilo o meu que não soube zelar seu amor e cuidar do teu afeto. O medo de sofrer e te machucar foi maior que a vontade de sorrir ao teu lado. E, por isso, peço perdão.
          Tem sido difícil ficar aqui olhando para um teto branco sem luz no fim do dia. Tenho ponderado todas as opções. Criei planos mirabolantes para te conquistar, nenhum deles infalível o suficiente. A fatalidade das minhas atitudes inconscientes é agora o meu carma. Venho tentando procurar palavras, gestos e loucuras de amor para reparar o que quebrei sem perceber. Para colar de volta os pedaços do seu coração que quebrei tão silenciosamente.
           Olha, eu sei que você não está mais só. Sei que agora tem um alguém ao seu lado e sem medo de segurar sua mão em público. Falando assim parece que eu tinha medo. Não era bem isso. Eu hesitava. Hesitava mostrar para o mundo o que eu era, sou, capaz de sentir por alguém. Eu não tinha e nem tenho medo de que nos vejam. Tenho medo de me expor. Sabe o que é você se jogar na boca do povo e apenas receber vaias? Esse é meu medo. Tenho medo do palco que a vida coloca a gente.
          Por duas semanas venho pensando em todas as minhas falhas. Cheguei a conclusões não muito agradáveis, confesso. Tudo vem se resumindo a frase clichê de términos de relacionamento. A frase que vou dizer sem medo, visto que não fui eu quem colocou o ponto final: o problema sou eu, não você. E é verdade. A minha insegurança excedeu meu amor próprio. A falta de amor próprio não me permitiu dedicação ao meu amor por você. A busca incessante do amor pelo espelho, não me permitiu enxergar além dele. Não era narcisismo, só mais um caso crônico de insegurança.
          Não tenho preparo para te receber em meus braços, pois ainda estou tentando encontrar meu abraço. Quero me enlaçar no conhecimento próprio antes de te oferecer o mundo. Afinal, se te convido à minha casa, é melhor que eu a conheça muito bem para que não tenha surpresas nem armadilhas. No momento, tudo que me resta é pedir perdão. Logo, assim espero, poderei oferecer um pagamento com juros e correção. Você tem o direito e, talvez, o dever de me recusar, mas uma promessa te faço desde já, estou mirando no Sol para encher teu céu de luz e clareza. Cansei dessa de mirar nas nuvens.