Tuesday, September 20, 2011

TEMPOrário

O tempo é traiçoeiro. O tempo cura. Pensamos que é eterno, que somos imortais. Não somos, não é. Está tudo bem nesse segundo e no próximo pode ser quase uma terceira guerra mundial. Em um minuto você é a pessoa que me entende melhor, no próximo nem sem ao menos quem é. Uma hora te amo além do possível, na outra não aguento o peso das suas palavras. O tempo é inconstante por mais que siga um padrão. Sessenta segundos, um minuto. Sessenta minutos, uma hora. Eu e você. Nós tínhamos tudo que duas pessoas poderiam querer. Carinho, afeição, entendimento, amor. Sim, amor! Perdemos. O tempo ladrão, roubou nossa paciência. Por alguma razão ínfima, uma bola de neve formou-se entre nós. Quando achei que podia remediar, a única coisa que saia de mim eram gritos. Meu ódio, minha raiva. Você gritava mais alto. Sua raiva, seu rancor. Nos afastamos. O tempo borracha, apagou a dor. Doeu não ter você como queria ter. Não conversar com você o que costumava conversar. O tempo apagou apenas a dor. A saudade permanecia. Você me entendia, me consolava, me abraçava, me olhava e me via. Por ti, eu fazia o mesmo e mais um pouco sempre que possível. Ontem fiquei sabendo da sua partida. Não estava na minha vida há um tempo, mas saber que não tinha sua vida foi mais devastador que todos os meses em que estávamos distantes. Todos os dias que pensava em você e lembrava do que éramos. Todas as horas que percebia que não éramos mais nada. Foi pior. Foi pior do que qualquer sensação ou sentimento que já havia tido. É indescritível, imensurável, impensável. É dor que não dói. É dor que mata. Mata a cada segundo. Morria sessenta vezes por minuto, pois eu sabia que você tinha morrido apenas uma vez, em um segundo. Desculpa! Desculpa-me pelos dias que lembrei da sua voz e não liguei para ouvi-la, pelos pensamentos em que você estava presente e te fiz ausente ao meu lado. Perdoa-me pela piada que não contei apenas para ver teu sorriso, pelo abraço que não te dei para sentir teu calor, pelo olhar que não te direcionei para enxergar sua essência. Desculpa-me por todos os dias que me arrependi daqueles gritos e não corri para tua compreensão para deixar tudo bem. Perdoa-me principalmente por não ter perdoado teus gritos daquela noite. Agora sei que a vida é efémera. Sei que deveria ter feito muito mais por ti e menos pelo meu orgulho. Nem se eu chorasse todos os dias dessa breve vida que me resta, poderia expressar a dor que sinto em não ter te ouvido, sentido, olhado. É surreal. Um dia eu te tenho por inteiro, outros te perco aos poucos, hoje se ausenta por completo. E eu? Como fico? Sou apenas mais uma passageira dessa ilha que chamam de vida, eu sei disso. Só quero entender por que você partiu tão cedo. Quero entender porque não te dei adeus. Na verdade, quero entender porque não te disse "Oi!" todos os dias dessa viagem. Perdoa-me, apenas isso. Eu te perdoo.

No comments:

Post a Comment