Friday, June 8, 2012

Valéria.

      Era difícil olhar sem poder tocar. Queria abraçar aquele corpo, cheirar aquele cabelo, mas não podia. Havia prometido apenas observar, pelo menos por um tempo.
      Olhos revirando de prazer. Olhos cansados com a tortura. Tentou participar da brincadeira, porém ela não permitiu. Ela suava, ele também. Semi nua, vestido. Entregue, tentado. Não demorou muito para o controle ser perdido pelo resto da casa e ele pular com tudo que tinha a procura dela.
      Desistiu de deixá-lo à beira do precipício, afinal já havia sufocado demais. Deu-se por vencida a suas vontades, seus desejos, seu tesão. Desabotoou o primeiro da camisa enquanto ele corria ferozmente a boca naquele corpo pálido e torneado.
      Já era tarde demais para dominá-lo quando finalmente conseguiu tirá-lo daquela blusa. Puxou a calcinha daquela ninfeta com pressa. Ela deu um risinho promíscuo de retribuição, algo que atiçou mais o fogo daquele rapaz.
      A língua dele trabalhava rapidamente no lugar que ela mais sentia satisfação. Um único ponto, único botão, que fazia percorrer arrepios por toda superfície fria da mulher que ele lambia sem cansar. Os gemidos baixos alternados com altos, despertavam mais e mais o apetite dele.
      Puxou aqueles cachos morenos para seu nariz, depois levou boca à boca. Lábios frígidos provando o calor. Ele em cima dela com unhas em suas costas. Era inevitável acompanhá-la nos arrepios depois de tanto estímulo.
      Desvencilhou-se daquelas garras para ter uma visão completa do que estava prestes a acontecer. Seria uma explosão de sensações misturada com um pontada de sentimento não correspondido. Sabia que estava fodido, então por que não fode logo de vez?
      Jurou a si que pelo menos iria se fazer inesquecível de alguma forma para aquela dona das madeixas de fogo. Deu o melhor de si, enquanto ela dava tudo dela. Pegou em cada centímetro que podia, pois sabia que não ia ter outra chance. Capturou o cheiro ingênuo de antes e o imoral do depois. Os olhares perdidos lhe desestimulavam de maneira leve, tão leve que logo esquecia do desinteresse alheio em seu olhar. Continuava indo e vindo sem parar.
      Despidos olhando para o teto. Ela levantou e foi embora. Sabia que não a veria mais, não daquele jeito. Talvez com sorte, isso se repetiria. Deixou que ela partisse sem reclamações. Tinha tempo de sobra para fechar os olhos que repassar tudo de novo em sua cabeça. Respirar o hálito úmido, sentir nas mãos os seios pequenos, costas sendo arranhadas com as unhas grandes, cabelo arrancado pelas mãos maldosas. Ainda sentia tudo tal e qual como foi. Poderia esperar um ano, assim pensava. Investiria numa próxima vez? Em um próximo sufoco? Valeria a pena tê-la por uma hora, depois perdê-la por seis meses? Valeria...

1 comment:

  1. rá, gostei do trocadilho!

    e tentando descobrir o que os impedia... :\

    ReplyDelete