Uma praia calma, tão calma que poucos ousavam ouvir o som do mar. A música das ondas cantava os pensamentos intermináveis. No entanto, ela gostava. Ficava orgulhosa de pensar que muito do que a atormentava lhe deixava orgulhosa, forte, resistente. Era a velha história da garotinha que partia o coração e acabava por se mudar e ter a oportunidade de um recomeço. A verdade é que algumas pessoas nasceram para o drama. A comédia romântica dura pouco para alguns, fazendo com que o drama tome conta da trilha sonora sempre que possível. Sendo esse possível mais do que provável.
Recomeçando. Novas amizades, nova casa, novo ímpeto. Vontade de fazer dar certo, até conhecer o problema. O garoto que vai virar o mundo dela de cabeça para baixo, vai demolir com marteladas a fortaleza dela. O amor que ela conhecia não se compara à sensação de ter o problema por perto. Eles se correspondem, não minto. No entanto, ele não sabe ser o que ela precisa que alguém seja. Fiel às promessas, determinado, verdadeiro. Ele tem um passado, todos têm. O dela é destroçado, o dele? De destroço. No começo, ele tinha a intenção de destroçar, mas ao lado dela ele só queria consertar. Mas como consertar o que não tem reparo?
O amor faz as pessoas acreditarem que o passado não existiu, e assim ela o fez. Esqueceu de todas as dores que um dia sentiu por alguém mal intencionado, fingiu que ele nunca foi alguém como esse alguém. A força do hábito é um brinquedinho que não se deve brincar. Sabe quando a pessoa tenta parar de fumar? Ela sabe que faz mal, sabe que isso vai matá-la, mas ela tenta, tenta e continua. Alguns felizardos conseguem. Como foi dito, "felizardos". Ele não era um desses, não ainda. Ele a amava, mas era ele. O que esperar de alguém que só sabia vacilar com qualquer outro indivíduo? Vacilo. O esforço que ele fazia para ser o que ela precisava e o que ele queria era inegável, porém, muitas vezes, em vão. Hábito é costume, costume é repetição. Ele repetia, ela sofria.
A praia machucava a cada onda que se jogava contra as pedras, mas ela continuava ali. Chorando ou sorrindo, aquela praia lhe dava sanidade. Nada além do que ela precisava depois e antes desse louco amor. O mais importante e talvez o maior problema era a brisa soprada pelo mar. Sussurrava esperança a cada passo da sua caminhada, revigorava, curava a dor temporariamente.
Esperançosa, os passos aceleravam e ela corria para o abraço do problema. O abraço aconchegante no começo, mas espinhos no final. Por quanto tempo alguém pode aguentar isso? Até a esperança se esgotar.
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