Cinco da manhã e ela ainda não conseguia dormir. Sabia que havia feito besteira e nunca mais seria vista da mesma maneira. Pensava qual seria seu próximo passo, se perguntava se existiria mais algum passo. Sentia-se envergonhada, constrangida, tudo deu errado.
Duas semanas antes, no mesmo horário, ela estava tendo o sonho mais doce de todos, melhor que qualquer outro, apenas pelo fato de ser real. Depois de uma festa catastrófica, ela estava sentada o jardim da casa, seus amigos caídos no chão de tanto álcool que tinham ingerido. Naquela noite pessoas brigaram, chifraram, dançaram, gritaram. Foi um desastre divertido no final das contas. Ela já estava sóbria, afinal tinha bebido pouco. Levantou-se e andou até a varanda da casa, sentou no banco de madeira que ficava virado para o nascer do sol, por que não apreciar a vista? Rebobinava todos os loucos momentos da festa. O mais louco de todos insistia em interromper os outros.
Pouco depois de chegar na casa de uma conhecida da faculdade, avistou o garoto dos seus sonhos. Ele era um veterano charmoso, atraente, que fazia muitas garotas suspirarem. No entanto, ele já tinha sua própria garota. Não que isso impedisse ele de ficar com outras, pois ele estava em um relacionamento aberto, mesmo sua namorada estando em um fechado. Meio difícil imaginar como uma garota pode aguentar esse tipo de coisa, mas o que os olhos não vêem o coração não sente, certo? Ele fazia de tudo muito bem escondido para não magoar o "amor da sua vida", coisa que ele deixava bem claro em todas as redes sociais e na frente de qualquer um quer perguntasse sobre eles.
Ela e o resto do mundo sabiam que a namorada era uma idiota por aceitar aquela barbaridade. Ela podia até amá-la, mas se fosse forte o sentimento, ele nem faria questão de se meter em toda saia que encontrava pela frente. Bem, é o amor, não é? Ao contrário do que a maioria das histórias costumam dizer, ela conhecia o bonitão. Eles eram bem amigos para falar a verdade, logo ela se sentia mal de ter esses pensamentos quanto a conduta dele com a namorada, sentia-se péssima por se apaixonar por alguém que não presta para um relacionamento e que já está em um.
- E aí, garotona? - um grito em meio a tanto barulho.
- Oi, Dan! - ela sorriu sem jeito para seu tão amado amigo.
- Pensei que você não fosse chegar - agarrou o braço dela e puxou para um canto menos barulhento e falou baixinho - você nem sabe.
- Não sei mesmo! - mesmo já sabendo do que se tratava.
- Tá vendo aquela gata ali? - apontou para uma morena dos peitos enormes.
- Sim, estou vendo os peitos dela - ela brincou.
- É! Isso aí. Adivinha o que eu fiz com ela? - usou os gestos obscenos de costume.
- Você não presta - ar de reprovação que sempre acompanhava aqueles gestos - Cadê a sua gata, ein?
- Ah.. ela ainda está chegando. Não se preocupe, ela não vai saber disso. Ela nunca sabe.
- Ai, ai. Você que pensa, seu idiota
Ele deu uma risada, a risada que ele sempre dá quando ela ficava revoltada com ele.
- Cara, adoro quando você me chama de idiota - ela não sabia o que era pior, quando ele a chamava de "cara" ou "maninha" - amo você, maninha. - melhor ainda quando vinham juntos na mesma frase.
- É, é.. eu sei.
Então eles voltaram para onde o som estava mais alto.
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