Monday, October 3, 2016

Fado

      Os absurdos dos atos inocentes removem qualquer paixão platônica do altar. Beijos sem mordidas, abraços sem apertos, olhares sem sorrisos, risadas sem lágrimas. Como confiar em pessoas que só sabem fazer um sem o outro? Consigo imaginar o vazio de cada ação e tocar apenas a superfície. Mesquinhar amor é uma das piores "qualidades" do animal racional. Tanto orgulho em ser diferente, mas só sabemos usar o pensamento para poucos muitos. Pouco amor com muito sofrimento, pouca autoestima com muita automutilação. Temos uma capacidade infindável de entortar palavras e entender tudo errado. Pensar demais no que é simples de entender, e raciocinar pouco para o que exige maior dedicação. A gente inverte o mundo de ponta cabeça, depois exige que alguém coloque no lugar.
WeHeartIt
      Os exageros dos atos inocentes tiram de vista qualquer paixão platônica. Beijos sem nome, abraço sem destino, olhar sem filtro, risada sem sinceridade. "Forçar a barra" nunca descreve situações agradáveis. Ninguém quer ser o sujeito dessa frase e a gente sempre procura não fazer por onde. Ou pelo menos assim pensamos. Não conhecer nossos limites, faz com que a gente esqueça de perguntar o limite dos outros. O egocentrismo -que também não tem qualquer conotação positiva- faz a gente querer entender nosso umbigo achando que pode meter o dedo no umbigo do outro. Exceder é muito diferente de ir além. O "ir além" é poético e heroico, o "exceder" fadiga e machuca. Dois extremos com mesmo significado. Certamente, desculpa para continuar confundindo.
      A violência dos atos inocentes esmaga todo e qualquer tipo de amor. Beijos com sangue, abraço com sufoco, olhar com ira, risada com medo. Calcular cada detalhe para não exceder o limite de curto pavio do outro. Ir além, para entender, mas mesmo assim não achar explicações. Viver se enganando, repetindo que é amor, para no fim, se render a dor, seja reconhecendo a incapacidade do outro de cuidar, ou parando de respirar. A fatalidade desses atos "inocentes" já levou muito de muitos. Já desordenou casas, vidas, sistemas, prisões.
      Só sei que precisamos ir além para dar um basta em excedentes.

1 comment:

  1. Mulher, tô no chão!
    De fato, necessário é que as pessoas parem de ser rasas! Amar de verdade, sem medo, e se for pra cair, que seja de Bunge jump HAHAHAHA
    Beijos de luz

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