Eu fui atrás, não me controlei. Sempre perco o controle, não importa em que canal esteja, contanto que ela apareça. Deixa-me uma fera desgovernada, sedenta pelo gosto de seus lábios. Seja em cima, seja em baixo, o sabor da sua confusão me traz um breve momento de quietude. Um breve instante, é tudo que sempre peço, tudo que sempre tenho. Ela anda apressada como se o tempo corresse e não a esperasse. Cada minuto que me presenteia, faz de mim alguém mais, mais... sedento, ainda mais. Debruça seus anseios em meu ser e me deixa de resto mais desejo.
Quando alcancei, não deixei barato. Ela provoca, eu rebato. Sem medo de gritar, ela se entrega, e eu ganho. A cada encontro fico mais rico, não de dinheiro, é claro. Fico mais completo, e incompleto quando ela não está. Cada pedaço que me falta, ela preenche. Cada alegria, ela me vende. É um jogo contraditório, em que cada vez que pago, mas eu tenho. Rico de satisfação.
Ela sorriu, porque já sabia. Ela se deixou ser alcançada, como sempre. Sabe bem o que quer e me usa como peão, ou seria escravo? Tanto faz, não importa. Sou parte da jogada e já me é o suficiente. Ela faz com que minha mente caótica faça sentido por quinze, vinte minutos. Apenas para ao fim do tempo, ao soar da sirene, ao suar os corpos, ela instalar um caos maior ainda. Agradeço por toda consideração, toda confusão. Parece ruim, mas não é. Ou é, e eu não sei.

Ela gostou, se aproveitou e, mais uma vez, se foi. Deixou meus trapos no chão, minhas inseguranças também. Juntei os trapos e algumas inseguranças, e fui também. Segui meu caminho, como ela segue o dela. Surtando até o dia de cruzar com ela de novo, e perder mais inseguranças, dignidade, medo. Ela me molha ao mesmo tempo que me seca. Ela é aquela coisa inusitada que acontece com os pobres felizardos. Ganhei na loteria, no entanto o prêmio vem em parcela e deixa dívidas. Sou um pobre feliz.
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