Tuesday, August 30, 2011

Fim de tarde


Foi tudo muito rápido
Chamei de meu, chamou de sua
Sem nem ter pedido
Roubou o céu, me deu a lua

Compôs sua própria melodia
Na música que eu ouvia
Se foi a noite, chegou o dia
Você ainda me perseguia

Essa chuva vai passar
Vou esquecer o que é saudade
O sol vai clarear
E queimar sua metade

A metade do meu coração agora será o inteiro
E eu nem vou ao enterro
Desse nosso amor que morreu
De você que me perdeu

Monday, August 29, 2011

Street lights

Deitada, vendo as nuvens deslizarem na pista azul-claro. Assistindo a pista escurecer a medida que as horas passam. Olhando para cima, vendo nada enquanto os minutos correm. Sentindo o tambar no peito rufar no ritmo da melodia dos pensmentos que mudam de segundo em segundo.
Sentada, tentando decifrar o labirinto interno, procurando explicações no caos externo. Com as mãos no piso gelado na mesma temperatura dos sentimentos. Observando a correria das manchas luminosas da metrópole, as quais tomam formas tão imaginárias quanto esse amor.
De pé, pensando se o próximo passo é para trás ou adiante. Com a sola dos pés colada com o calor do asfalto e a palma das mãos voltadas para o rosto, barrando a possibilidade de olhar em volta, impedindo a confusão dos cômodos de dentro com os campos de fora. Precisando de um abraço das correntes de ar e pedindo que pelo menos o vento mostre em que caminho andar.

Saturday, August 27, 2011

Molho de chaves


Esse molho de chaves que carregamos: chave do carro, chave da casa, chave da gaveta, chave do cofre, chave do diário de nada servirá se não soubermos usar a chave do coração.
Há pessoas que escondem essa chave nas profundezas simplesmente pelo medo de que portas ela pode abrir. Outras deixam-na bem a vista, pois querem que todos tenham acesso a essas passagens não tão secretas.
Em que perfil você se encaixa? É daquelas pessoas que fazem pouco caso dessa chave ou a guarda como se fosse feita de ouro mesmo quando é de alumínio? No primeiro perfil há muito sofrimento, e a dor é constante, pois o dono ou a dona dessa chave não se importa que ela seja roubada, e que peguem emprestada. Depois, no entanto, sentem-se mal por terem deixado esse importante objeto tão vulnerável e disposto a pessoas que não saberão cuidar dele nem do que ele guarda.
Já no segundo perfil, também há muito sofrimento. A diferença é que quem consegue finalmente alcançar a chave nos confins dos cofres e calabouços dos sentimentos, provavelmente vai tomar mais cuidado. Ou não. Pode ser que o detentor dela nem perceba o quão é precioso que tem nas mãos e jogue fora sem nem ter dado uma olhada no que ela trancava.
Mais uma vez aquele meio termo é tão procurado. Não podemos colocar setas apontando para essa chave, muito menos escondê-la tão bem escondida que na maioria das vezes será achada por engano. Tentemos escolher quem vai ficar com ela, tentemos também não entregá-la a alguém que fará uma cópia dela e mesmo que devolva a original, sempre terá acesso irrestrito ao coração. O que sem dúvida é péssimo, pois quando quiser fugir será como se estivesse preso, perdido em um labirinto. Tentemos não destratar a chave dos outros, muito menos o conteúdo da porta que ela destranca. Tentemos amar as chaves, tanto quanto amamos quando são utilizadas.

Thursday, August 25, 2011

Auto-ego


Ninguém vai entender porque fico com raiva desse tipo de coisa. Uma atriz gosta de estar na pele da personagem principal, gosta de ser o foco da atenção sem precisar gritar para ser ouvida. Gosta de ter os olhares voltados para ela apenas por ter suspirado de saudade, ou gargalhado de uma piada. Ela gosta do foco.
Não muito diferende de uma atriz, eu me encaixo nesse perfil. A única diferença é que uma boa artista consegue fingir sentimentos: alegria, raiva, tristeza. Já eu sou uma negação em fingimento, afinal de contas, não faz o menor sentido fingir simpatia por uma pessoa que só me dá ojeriza.
Queria eu poder dizer que não é nada pessoal, no entanto, é mais que pessoal. Sou assim, guardo rancor, sou orgulhosa, o que não me agrada, não me agrada e ponto final. Não vou moldar meus valores para aturar o que me estressa. Não vou deixar de ser eu para amaciar o ego alheio.
Sei bem que o que faço não é a atitude mais certa a se ter. Na verdade, é a mais ridícula e infantil possível. No entanto, posso afirma-lhe com toda certeza que o esforço que já fiz para mudar isso em mim não pode comparar-se a imensidão de gotas no oceano, de tão grande que foi. Sim, eu posso tentar mais, me esforçar mais. Posso um dia dizer que minhas tentativas não cabiam na infinidade do universo, mas não sei se tenho mais forças para lutar contra algo que está mais dentro de mim do que eu mesma.
Parece egoísmo, egocentrismo, criancice, imaturidade, mais alguns "egos" podem ser colocados aqui; e é isso tudo sim, mas é também autoconsciência do que sou, é a autoestima que poucos têm, é a personalidade que é tão rasa na maioria das pessoas. Como tudo nessa vida tem seu lado bom e ruim por acontecer, eu também tenho meu lado bom e ruim por ser quem eu sou. Por ter acontecido do jeito que aconteci.

Wednesday, August 24, 2011

Entre um e outro


Um dirá que é linda, e o outro, gostosa. Um elogiará seu cabelo, outro, seus seios. O primeiro falará que seu beijo é doce, o segundo comentará o quanto o deixa excitado. Percebe a diferença entre quem te ama e quem apenas te deseja?
Seus olhos irão brilhar de encanto, seu coração acelerará com o nervosismo, pois toda vez que se vêem é diferente e ainda assim tão igual. Não importa onde estão ou o que façam, sempre estarão em sintonia. E quando os olhos se encontrarem, sorrisos inconscientes irão surgir e alegria incontrolável irão sentir. Vai ser amor, mesmo na negação dos que sentem.
Suas mãos vão suar, seu coração vai acelerar de excitação, pois toda vez que se encontram é a mesma coisa. Em qualquer lugar claro o fogo acende, e nos cantos escuros, ele queima. Quando os corpos se juntam, o prazer é inegável, a sincronia, insubstituível. Vai ser carnal, eles sabem, ninguém entende.
Um é sentimento, o outro é sensação. Um fere a alma, o outro, a pele. Um você perde, o outro você esquece. Um é para sempre, o outro é passageiro. O primeiro te completa, o segundo te esvazia. Há uma diferença entre quem você ama e quem você usa!

A história da Biologia, uma linda mulher.

Devo dizer que o texto que virá a seguir foi resultado de um trabalho feito nos últimos minutos do segundo tempo, onde tinhamos que ler um texto sobre a História da Biologia e falar para todos o que havíamos entendido do texto. De preferêcia que usássemos uma maneira diferenciada para resumir o tal texto. Então fizemos uma narrativa, quase que um conto de fadas, chaia de analogias. Só não acrescentamos o final feliz.

Era uma vez uma linda mulher grega chamada Biologia. Ela era uma mulher atraente e extremamente eclética. Vários poetas tentaram descrevê-la, mas nunca conseguiam colocá-la em palavras. Tentavam entendê-la baseando-se nos seus relacionamentos passados ou comparando-a a outras mulheres para saber se suas atitudes e feições eram de alguma maneira semelhantes às das outras.
Com um tempo alguns homens foram conhecendo essa mulher mais profundamente. Assim, tentaram entender o que ela havia feito com o sei passado e o quanto havia evoluído como mulher. Ou apenas conhecendo sua família e amigos para conseguir opiniões de pessoas mais próximas a ela.
Eram tantos homens apaixonados por ela e que sentiam uma incrível necessidade de entender o porquê dessa paixão, que todos se reuniram para discutir suas razões. Depois de muito dialogarem em vão, alguns tiveram a brilhante ideia de responderem perguntas-chaves para entendê-la melhor.
As perguntas foram "O que?", "Como" e "Por que?". Perceberam que erravam ao tentar descrevê-la, pois ela era tão diferente que cada um se apaixonaria por uma característica única dela.
E como ela conseguia conquistar tantos? Pensaram basicamente no óbvio: no seu físico. Na lei da conquista a primeira impressão é a que fica. A Biologia era, de fato, muito atraente.
E o porquê de tantos continuarem apaixonados por ela foi respondido por um de seus pretendentes: Darwin. Além de causar uma ótima primeira impressão, ela não decepcionava. Estava sempre engajada nos projetos da Igreja Católica, que tinha como ideologia o criacionismo, e era bem inteligente, amava históra natural e a ciência.
No final das contas, eles perceberam que cada um deles iria sempre amar e exaltar em especial um atributo daquela linda mulher, portanto nenhum conseguiria entendê-la por completo.

Saturday, August 20, 2011

Desconfiar de si


Decepcionar-se nunca foi e nem será uma coisa boa. Ninguém gosta de depositar toda sua confiança em alguém que no final das contas só te apunhala pelas costas. A frase "eu me decepcionei" nunca será dita com um sorriso no rosto. Bem provável será se lágrimas estiverem escorrendo e coração sofrendo.
Alguns clamam que decepção é a pior dor que pode existir. Outros apenas dizem que é ruim, nada muito extraordinário e traumatizante. Ninguém, no entanto, parou para pensar no quanto dói decepcionar alguém que se ama. É certo que muitas vezes quem decepciona uma pessoa, o faz simplesmente por não dar a mínima aos sentimentos dela. O que faz as pessoas pensarem que aquele relacionamento foi construído pedaço por pedaço em cima de falsidade. E as decepções dos relacionamentos construídos na sinceridade do sentimento?
Quem decepciona sofre, por incrível que pareça. Quem decepciona comete o erro por engano, se culpa e é culpado, de fato. Não nega o vacilo, mas também não consegue seguir em frente sem ficar mal com tudo que provocou. Decepcionar, muitas vezes, pode ser pior que se decepcionar.
Estou certa de que muitos irão discordar da última frase redigida, porém não me darei ao trabalho de removê-la, pois concordo. Parece estranho, mas me dói ao extremo decepcionar quem eu só quero mostrar o quanto é possível viver sem medo de sofrer. É como dizer que vou dar o mundo àquela pessoa, alimentar essa esperança, fornecer boa parte desse mundo, e logo em seguida roubar tudo e mais um pouco.
Não foi minha intenção, eu só quis ajudar e por um deslize o que fiz foi piorar tudo. Logo, eu me encontro só, sem palavras para exigir perdão, sem forças para reverter a situação. E então eu começo a perceber: O que dói, na verdade, não é decepcionar alguém. O que dói é quando o motivo da decepção é você mesmo.
Cuidadosamente, analisando a situação, podemos perceber que ao proporcionar a ideia de que o mundo não trará apenas dor e lágrimas, está fazendo uma promessa de que você, principalmente você, não dará a essa pessoa motivos para chorar. Com um azar que surge não sei de onde, você quebra essa promessa. Você falha com quem deseja apenas acertar. Decepciona-se por ter prometido algo que não pode cumprir.
Percebeu a diferença? Percebeu como é chegar e entregar a alguém todas as cartas de esperança, coragem, vontade e no final das contas, com um truque de mágica, transformá-las em ilusão, dor e decepção? Não, não é fácil ser esse mágico que só consegue levar escuridão as pessoas que merecem mais luz do que o sol pode fornecer. Culpar-se, consome qualquer pedaço de amor próprio e dignidade que guardamos conosco. Destrói uma vida que você precisa ter ao lado e deixa em ruínas a sua também.
Nunca ficarei feliz em ouvir a palavra decepção, muito menos em ouvir a frase: eu me decepcionei com você.

Thursday, August 18, 2011

Falta de solidão

Eu gosto de escrever, não é? Amo atuar também. Eu tenho minhas paixões, como todos. Eu, eu... Mas "eu" não é nada sem vocês.
Eu não gosto que desestimulem minhas paixões, as poucas que tenho. E sendo vocês fazendo isso é ainda mais desestimulante. É como subir em uma montanha, enxergar o chão lá embaixo e ficar feliz de estar em um lugar tão alto, no entanto, logo em seguida ser empurrada por quem mais amo. Cair.. não onde eu conseguia enxergar, mas um pouco mais embaixo. Porque o empurrão de quem amo é mais forte do que o de qualquer um.
Eu gosto de escrever, porém não consigo quando tenho bloqueios. Tenho tanto pra escrever agora, que não escrevo nada. Nem sei como começar. Não sei se começo com "Eu", soaria muito egocêntrico. Visto que o que passa na minha cabeça não é só o "eu" agora. E se eu começar com "ele"? Seria muito escancarado. "Dor", depressivo demais. "A felicidade" muito utópico.
Eu não sei. Não quero preconceitos, são infantis. Não quero desestímulos, destroem sonhos. Não quero dor, destrói a alma. Nem arrependimento, fere a vida. Não quero ele, não me pertence. Quero felicidade, ainda que distante. Não quero egocentrismo, é solitário e acabou sendo o que escolhi. Fugindo da solidão acabei usando-a para começar cada parágrafo desse texto sem inspiração.

Wednesday, August 17, 2011

Meio a meio


Sorvete ou chocolate? Sorvete de chocolate. Banana ou maçã? Salada de frutas. Pizza de calabresa ou quatro queijos? Meio a meio. Por que certas dúvidas são tão fáceis de serem resolvidas e outras simplesmente consomem o ser por inteiro?
Já foi difícil o suficiente perceber que amo uma, mas lembrar que ainda amo outra foi pior. Nunca achei que isso fosse possível. Não entendia como as pessoas podiam afirmar que amavam duas ao mesmo tempo e, de certa forma, ainda não entendo.
Tenho apenas uma certeza: amo ambas. As dúvidas? Ah, as dúvidas são infinitas. Como isso é possível? Será que isso é realmente amor? Vejo ambas como seres perfeitos, isso é amor, não é? Amar duas pessoas é algo bom ou ruim? E a maior dúvida de todas: com quem devo ficar?
Obviamente, se pelo menos uma delas me amar, não vão aceitar me dividir. Nem eu acho isso certo. Não gostaria de dividi-las. Que sentimento estranho é esse que aceita receber em dobro, mas abomina ter apenas metade?
Dias e dias beijando uma e pensando na outra. Noites e noites pensando na outra e sonhando com uma. O nome de uma provoca arrepios, a voz de outra acelera meus batimentos. Passo horas martelando minha cabeça na parede na esperança de que os parafusos irão voltar cada um para seus devidos lugares e tudo, finalmente, fará sentido.
Não adianta! Queria eu poder tê-las em uma casquinha de sorvete, ou numa travessa de pizza. Ter as duas comigo seria satisfatório, não é? Nem disso tenho certeza. Como tomar uma decisão?
Traição... já pensei nisso. Considerei essa ideia suja por apenas 3 segundos. Demorei-me 2 segundos com essa palavra na cabeça e 1 para perceber que não teria como trair alguém que amo. Logo, não posso trair nenhuma delas. Sendo assim não posso ficar com nenhuma delas, pois escolher uma seria trair a outra, e vice-versa.
Escolher ficar só deixará três corações partidos. Creio, porém, que prefiro partir o meu profundamente do que quebrar em pedaços o de uma delas. Elas vão superar, vão achar alguém que as trate como merecem e que ame-as unicamente. Eu, confuso do jeito que estou, não mereço nem um quarto do amor que cada uma delas tem por mim.
Que fique bem claro que escolho a solidão, o sofrimento, talvez até o arrependimento, apenas porque agora é tudo que consigo fazer. Não seria justo escolher uma e pensar na outra, apesar de que fazendo isso só uma delas iria sofrer. No entanto, tendo uma delas sofrendo, me faria sofrer também. Saberia eu que sou o culpado dessa dor e mais uma vez ficaria dividido. Prefiro ficar dividido recolhido a minha solidão, do que dividido estando acompanhado. Quem eu escolhesse teria apenas minha metade, e ambas merecem um coração inteiro.
Irônico, não? Amá-las de todo coração e poder fornecer apenas metade dele para cada uma delas.

Tuesday, August 16, 2011

Só de ida


As pichações nos muros me lembram os arranhões em tuas costas, as rachaduras da rua são os cortes em teus braços, garrafas quebradas são teus ossos quase que de vidro, o vermelho do semáforo me faz lembrar da lama de sangue em que estava seu corpo. Por que? Por que desceste ao chão se querias subir aos céus?
Disseste que irias me completar. E agora? Por que estás aos pedaços? Como eu vivo pela metade? Será em vão tentar juntar todos os teus fragmentos, pois nunca terminaremos nosso quebra cabeça.
Explica-me, apenas, porquê levantaste vôo sem mim. Sem ao menos deixar-me uma razão ou um ticket para embarcar contigo. Na verdade, por que voaste? Não estávamos certos de que iríamos viajar a pé, e passo a passo construir nossa história?
Tuas pegadas, teu cheiro, teu gosto, teu amor. Tudo ainda está aqui, mas de que adianta se tu foste embora? Queria-te inteiro, para ter tua metade por completo. Foi tudo um acidente, não foi, amor? Diz-me que o engano foi o destino e não a viagem. Diz-me que estavas certo de que queria viajar comigo, e falhou ao escolher o destino.
Faz-me ver que estás aqui e que nunca se foi. Não volta, apenas chega aqui junto de mim e afaga meu pescoço. Segura minha mão e assegura-me de que foi apenas um sonho, um péssimo sonho. Por favor!
Queria apenas teus dedos quentes para enxugar minhas lágrimas nesse rosto frio, tão morto quanto o teu. Tua voz sussurrando para sempre que nunca me abandonarás. Teu coração pulsando apenas para me amar.

Monday, August 15, 2011

Escapar de si


Pensamentos que não condizem com os sentimentos. Autocontrole fugindo do controle. Verdades que não são mais tão verdadeiras quanto pareciam. Tudo que estava construído simplesmente começa a cair aos pedaços e os tijolos viram pó.
Cairia muito bem uma fuga para bem longe de todo o caos. Pé no acelerador, mala no banco de trás, problemas deixados caídos aos poucas na estrada. Tudo parece simples e rápido de ser feito, mas como executar tal plano se o lugar que não suporta mais estar é sua própria mente?
Se fosse ao menos possível acelerar o tempo, empacotar as dores e perdê-las aos poucos nos segundos que passariam com a velocidade da luz, a vida seria suportável e a mente sadia. Infelizmente fugir do que está acoplado a você não é possível, nem aconselhável. Explodir esses pensamentos tortuosos, seria explodir a própria vida. De que adiantaria livrar-se de tudo que te aflinge, e carregar junto tudo que te acalma?
O melhor a se fazer é pensar que tudo ficará bem algum dia, que tudo que é confuso vai ser claro, que tudo que não faz sentido vai ser entendido. Porque com o caos atrelado a esperança há sempre um motivo maior para continuar vivendo.

Sunday, August 14, 2011

Tudo que uma garota quer


Ela não conhece a definição da palavra "arrependimento", muito menos de "vergonha". Se for pra viver tem que ser intensamente. Porque viver pela metade é o mesmo que tomar meio sorvete, não refresca o suficiente. É o mesmo que meio beijo, não cessa a vontade.
Se for pra amar que seja com o coração todo em jogo. Se for pra sofrer, que todos os pedaços sejam devidamente quebrados. Se for pra chorar que todos os estoques de lágrimas sejam usados. Porque sem as dores, ela não aproveitaria as alegrias.
Se for para afogar as mágoas, que seja com a garrafa inteira. Se ela tiver que gritar de alegria, que seja para todo o mundo escutar.
Não gosta de meios sentimentos, nem de meias verdades. Até porque, se for analisar, meio sentimento é uma meia verdade. Ninguém sente só 50% de amor, ou de tristeza. Se tiver dúvida é porque não sabe o que sente, logo estará equivocando-se ao dar um nome àquela sensação.
Aprendeu que a vida é apenas uma e que pertence só a ela. Por isso não vale a pena se importar com fofocas e difamações. Só ela sabe o que fez e o que faz. Não precisa de ninguém palpitando sobre a decisão que ela precisa tomar sobre isso ou aquilo. Preocupar-se com pessoas que só querem sua desgraça é perder muito tempo do pouco que lhe resta.

Friday, August 12, 2011

Colisão


Sendo você o avião que arranha o céu e perfura as nuvens. Sendo eu o edifício que esconde o sol e guarda a chuva. Se um dia, por alguma sorte, ou azar, do destino, houver um choque dos nossos corpos. Você arranha minhas pedras e perfura minha estrutura. Eu revelo o sol e liberto a chuva.
Entre nós não haverá mais escuridão. Em você não haverá mais audácia. Em mim não haverá mais força. Seu nariz empinado vai se curvar, meu muro vai cair. Deixaremos de ser o que somos para virar destroços do que éramos. Juntos faremos das ruínas uma obra de arte, uma estátua que se move com a inconstância do tempo. A potência da tempestade, o calor do verão, a serenidade da chuva. Tudo vai vir, tudo vai rolar, e ali nós vamos ficar.

Tuesday, August 9, 2011

Partes, pedaços.


Estava esvaziando minhas caixas do que havia restado de você: fotos rasgadas, cartas queimadas, beijos perdidos. Para minha surpresa não podia me desfazer de uma coisa. Essa única coisa que fazia toda diferença: você.
Como era possível deletar todo o universo que gira em torno de ti e ainda sim te ter aqui? Passar manhãs te esquecendo, noites te lembrando. Tudo que era seu, havia deixado de ser meu. E tudo que você era ainda estava tatuado em mim.
No sim e no não, eu me encontrava no talvez. O sentimento era extinto e a dor escassa. No entanto, a lembrança era vívida e a vontade também. Como entender as brincadeiras pregadas pelo coração?
Quando desisti de compreender tudo que estava a acontecer, foi quando tudo fez sentido. Queimar deixa cinzas, rasgar deixa pedaços, perder deixa vazio. Tudo deixa vestígio... Como um crime imperfeito, você deixou suas digitais.

Sunday, August 7, 2011

Se for para errar...


A vida tem que ser vivida de uma maneira que se algum dia puder entrar numa máquina do tempo e voltar para qualquer época dela, você fará tudo exatamente igual ao que foi. Porque mesmo machucando, mesmo errando você sabe que tudo que fez, sentiu, falou, ouviu lhe tornou o que é hoje.
A consciência de que não se pode arrepender de algo que fez simplesmente por querer tem de ser plena. Mesmo que depois você perceba que foi um erro. Viver é aprender. E que maneira melhor de aprender? A gente erra, aprende e vira alguém melhor.
Crescer. Essa é a palavra. Só nos tornamos alguém melhor se crescermos em maturidade, em sabedoria, no amor, na amizade. Crescemos para sermos melhores do que éramos antes. E se crescemos bem, não há motivos para odiar o passado. Porque se não odiarmos o que nos tornamos, o passado vai ser, no mínimo, motivo de orgulho. Não de arrependimento.

Friday, August 5, 2011

Solidão incoerente


Sombras sumindo com o cair da noite. Cada beco parece um desafio, cada porta a entrada de um paraíso. De cabeça baixa, andando sem pensar. Pensando em tudo que há de viver, lembrando de tudo que já aconteceu. Rosto molhado, mãos tensas, coração...
Vento frio e arrepiante. Sentimentos quentes e sufocantes. O interior não correspondia ao que via ao seu redor. Choque de sensações que todos sentem, dor que passa, memória que fica.
Chegar parece impossível quando não se sabe onde ir. Assim como perder-se é inevitável para quem nunca se encontrou. No entanto, havia encontrado, só não conseguiu chegar. Viu, mas não reparou. Sentiu, mas ignorou. Tarde demais para voltar atrás?

Thursday, August 4, 2011

Poder ser feliz


E esse sorriso bobo que não tem motivo? Não, não é paixão. Essa risada que não precisou de comédia? Não é o velho "rir para não chorar". E essa empolgação com tudo e com todos? Não é falsidade.
Felicidade independente de gente e de coisa é o que há de melhor. Você não tem motivo para rir, logo não tem como se decepcionar. E mesmo assim você está ali sorrindo, radiante.
Ahhh, o perfume das rosas. Ele fica mais gostoso, não é? O azul do céu mais atraente, sua cama é mais confortável, sua casa aconchegante, seus amigos são todos lindos. As pessoas que você não gosta são figurantes, barulho de obra tem o mute, engarrafamento tem fim.
Como não gostar dessa sensação? Essa sensação de que nada pode te fazer mal, nem fazer teus olhos chorarem. Ninguém parte seu coração, ninguém escurece seu dia. Esse sentimento de que você é invencível mesmo sem nunca ter voado. Ser super-herói não é ter super poder. Porque eu não sei mover as coisas com o poder da mente, mas eu sei mover a dor do coração de alguém e colocar a alegria no lugar. Eu não consigo ficar invisível, mas posso ser notável para quem quer me ver. Não posso salvar a vida de alguém me jogando na frente de uma bala, mas posso dar a essa pessoa um motivo pra viver fazendo ela sorrir todo dia e mostrando o quanto ela é importante para manter o meu sorriso.

Wednesday, August 3, 2011

Prender-me a mim


A verdade é que eu nunca permiti que as pessoas gostassem de mim. Não porque sempre fui fria, idiota e bruta. Simplesmente por não mostrar quem sou nem mesmo a quem merece. Tudo isso para proteger quem não merece minha indiferença e para me ausentar da lista dos sofredores.
Mostrar meu verdadeiro eu não vai fazer qualquer um se apaixonar, mas vai dar licença para que me conheçam. O que, para a maioria das pessoas, não é algo estranho ou ruim, no entanto me assusta mais que o escuro na cabeça de uma criança de 5 anos.
Esse cadeado que carrego comigo não tem chave, ou eu espero que não tenha. Até porque entregar-se ao sentimento é uma opção sim. O problema é que quando a gente se descuida um pouco, essa entrega perde o controle e tudo que nos resta é nos contentar com a força da satisfação ao ser correspondido ou ter esperança de não sofrer tanto ao ser esquecido.
Escolho não me entregar para não fazer ninguém sofrer. A inconstância dos meus sentimentos só vai machucar quem não merece a dor. É melhor ficar só do que deixar alguém sozinho.