Ela já estava provocando seus hormônios por muito tempo. Aquelas curvas perigosas faziam seu corpo querer cavalgar numa viagem. Por muito tempo ele estava sendo enganado, seduzido, rejeitado. Não era o bonzinho da história, pois nunca havia sido paspalho. Era persistente, tão persistente que caiu de joelhos por aqueles joelhos. Não costumava ter dificuldade com mulheres, porém não é daquele tipo que usa e joga fora. Também não faz o tipo compromissado, mas tem bom coração.
Um beijo em um dia, nem olhar na cara no outro. Ela é megera, sabe que pode ter quem quiser em suas mãos. Até quem ela não quer, se dá ao trabalho de querê-la. Ele sabia que estava sendo enrolado, isso, no entanto, só fazia com que ele gostasse ainda mais do desafio.
No começo tinha a melhor das piores das intenções. Foi movido pelo desejo, confessava. O tempo foi maldito e o carinho foi surgindo. Pegou-se preso naquele jogo que ela criava com todo cara que despertava interesse. Infelizmente ele ficou entre aqueles peões que carregam um fardo até o fim do jogo. Os peões espertos ganham depressa ou abandonam cedo, nunca ficam tempo suficiente para colocarem o coração em jogo. Sendo burro como uma porta, procurava qualquer oportunidade para não só ganhar, mas conquistar a vitória. Parece a mesma coisa, mas é bem diferente. Ganhar pode ser de mão beijada ou por W.O. Conquista tem suor. Se fosse simples, já poderia ser considerado vencedor, pois nos finais de festa em que os peões desistiam, ele continuava ali. Ela, para não sair no prejuízo, concedia uma chance. Um contato que nunca saiu do bar, da rave, da boate, ou de qualquer festa que estavam.
Ele suava, investia, tentava, corria. Ela? Esquentava, quebrava, desistia, fugia. A mulher não era só sensualidade, era interesse. A garota não era só sutileza, era furacão. Várias facetas num só corpo quente de peito congelado. Era uma armadilha, era inferno, no entanto, ele não acreditava em Deus. Confiava em si, ela dizia que não era isso que queria.
- O que quer então?
Um homem, um bandido, um fora da lei. Alguém que fizesse com ela o crime que ela era acusada de cometer. Ela queria um cara independente, livre e inteligente. Beleza não era nada, conquanto tivesse uma casa. Calúnia, ela queria riqueza. Rico de dinheiro, beleza, coragem e esperteza.
Era inteligente, quase independente. Tinha carro, só não era BMW. Era bonito o suficiente para arrancar um sorriso de qualquer rosto feminino. Precisava ser melhor. Se moldou, mudou. Era tudo que ela poderia querer sem fugir do próprio ser.
- Aí, meu caro, que você está enganado. Você não pode ser, tem que fingir - disse um peão que já havia desistido do jogo.
Ele ignorou e continuou no jogo. Rolando dados, pulando espaços. O tabuleiro só aumentava e o prêmio nunca chegava para ficar.
Na festa lotada, tinha mais uns quatro peões. A concorrência era grande, mas ele estava crente. Por muito tempo ela tinha feito promessas da boca para fora, que nessa noite ele iria cobrar. Buscando ganhar a noite, encontrou um concorrente segurando o prêmio, passando a mão no ouro reluzente, beijando o troféu. Foi a última cartada. O som da festa quase excedendo as batidas de seu coração. Suas veias saltavam de raiva. Tanto tempo tendo a cara pisada, as bolas chutadas, sido rejeitado como um qualquer. Era a hora da virada. A partida acabou ali. O jogo mudou. Daí em diante ele decidiu ditar as regras. Parou de ser, resolveu fingir. De jogador, virou mediador.
Não olhou na cara, não pediu beijo. Virou de costas, não foi embora. Queria ficar ali, perturbando a consciência do juízo que estava perdido na cabeça daquela garota. Ela notou sua presença depois de esfregar na cara que ele perdeu. Ele, por sua vez, já estava propondo um novo jogo, dando atenção a novas garotas, esfregando na cara que ela não era mais ninguém.
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