Thursday, August 2, 2018

Por ventura

          Eles se cumprimentaram com olhares desatentos. Conversaram com a preocupação de quem se balança na rede com a brisa do mar. Os corpos já magnetizados sem aviso prévio. Entre uma risada e um arrepio. No desejo mútuo e tímido. Na vontade dele de viajar nas curvas do cabelo dela. Na curiosidade dela de descobrir o sabor dele.
          Como se o vento fosse mais forte que o medo, como se o toque fosse mais suave que o frescor da chuva. Os lábios vagarosamente se sentiram. A pele que há tempos fervia, pareceu evaporar. As mentes, quase cambaleando, não sustentaram as regras. Sem cerimônias, sem tratos, sem roupas. No escuro do silêncio, mas ouvindo todo suspiro. Corpos familiarizados demais para nunca terem se conhecido.
          Ambos sem compreender a inativação dos próprios costumes. Amanheceu, e ele ainda estava ali. O sol raiou, e ela ainda não havia se sentido estrangulada nos braços dele. Os dois soltos em si, um no outro. O braço dele, involuntário, apertou a cintura dela. Puxou aquele aroma para mais perto de si. A mão dela, involuntária, apanhou a dele. Levou para a ponta do seu beijo. Ambos sorrindo sem saber da felicidade do outro.
We Heart It
          Sem pressa, mas também despreocupados com a perfeição. Os planos para os minutos subsequentes pareciam ser regidos apenas pelos anseios recíprocos. A vontade de um dia seguinte só iria ser descoberta na ausência. Nenhum deles estava preparado para o desmanche. Mal sabiam o que fazer com o que havia restado. Ela foi deixando ele guiar. Ele temEu levá-la para o caminho errado. No entanto, nenhum deles
conhecia a trilha. Sem migalhas para voltar, muito menos para ir. Deram o primeiro passo juntos num "bom dia" uníssono.