Monday, November 9, 2015

Terceiro - Capital Belga

      Um pouquinho atrasada, mas queria muito falar da minha primeira viagem pela Europa estando tão perdida quanto a pessoa que estava comigo. Claro, morar numa cidade nova causa o mesmo impacto, ou semelhante, ao de viajar para uma cidade completamente estranha. As sensações que te são proporcionadas são inigualáveis em cada viagem, mas elas repetem padrões. A primeira viagem foi para Bruxelas. Primeira vez que viajei só nesse continente imenso e cheio de história. Para começar, devo agradecer imensamente à tecnologia que me permitiu chegar ao hostel sem muitas complicações. Óbvio, ainda me perdi pela estação em que meu ônibus parou, fiquei com medo de ter entrando no tram errado, passei umas 52 (com exagero) paradas para finalmente acabar com minha agonia e chegar na parada desejada. Não era o destino final, mas ainda assim já é uma realização maravilhosa. Saber que você não se perdeu em uma cidade que nunca foi, em um país que a língua mãe você não entende, já é um bom começo. Andei um pouquinho para chegar no hostel, mas achei sem muito esforço e sem muita agonia, por uma vez na vida. Chegar sozinha em um hostel e perceber que você é o único ser do sexo feminino naquele momento é um pouco assustador, devo dizer. Senti como se uma matilha de lobos me observasse como uma presa em potencial. Uma hora depois fui salva pelo queridíssimo companheiro de viagem e pudemos começar a traçar a viagem.
      Devo dizer que nossos planos antes de chegar mudaram completamente ao chegar. Dois inocentes que pensavam que seria possível viajar três cidades em três dias. Dois doentes, literalmente, que decidiram que Bruxelas era aventura suficiente para três dias. Se não fosse a falta de euro, de saúde e disposição, se não fosse a falta de planejamento, aí sim poderíamos ter cumprido com os planos. No entanto, eram muitos empecilhos para umas só viagem.
      Não sei ao certo como cada um gosta de viajar, mas em Bruxelas eu descobri como eu gosto. O bom de viajar é sentir a cidade, curtir, não planejar à risca cada minuto. Para aproveitar, não rola cronometrar. Sem muitos planos, no primeiro dia a gente caminhou pelo centro da cidade. Perdeu a noção das estações e ficou feito barata tonta procurando um jardim inexistente. Repare, flores não estão a vista durante todo ano, e dois aspirantes a biólogos demoraram um bom tempo para chegar a essa conclusão. Quando nos encontramos desesperados acabamos fazendo umas burradas como essa, é normal. Há males que vêm para o bem, e de tanto errar acabamos descobrindo coisas maravilhosas: galerias com lojas de chocolate lindas, porém caras; mercadinhos que mais pareciam um submundo; pessoas tão perdidas quanto a gente; e o melhor de tudo, encontrar, por acaso, o que estávamos procurando. Desse modo chegamos ao Delirium Café, o qual faz jus à sua fama, mas decepcionou dois brasileiros que estavam com sede de cervejas com gostinho brasileiro. Porque brasileiro saudosista é assim, paga o dobro ou o triplo do preço só para sentir sua naçãozinha de novo. No entanto, essa não foi a vez. Apesar do extenso cardápio com cervejas do mundo inteiro, a que desejávamos estava em falta. Como todo bom turista, não saímos de mãos vazias. Delirium abaixo, papo descontraído e deixando a nossa marca na mesa de madeira, saímos feliz e satisfeitos com a conquista de encontrarmos aquele lugar impossível de perder quando se está em Bruxelas.
      Os dias seguintes foram mais bem planejados, visto que tínhamos tempo e internet no hostel para evitar qualquer confusão quando estivéssemos no meio da cidade. De muita utilidade foi ter um celular com bateria duradoura e com GPS. Demorei algumas outras viagens para pegar as manhas do GPS, mas isso falo em outros capítulos. É possível que daqui há cinco anos ainda estarei escrevendo coisas sobre esse ano de ciências sem fronteiras com dicas, sensações, ideias. Foi muita experiência diferente que fica difícil compilar em poucas histórias, sem contar que alguns detalhes não vêm na hora que a gente que, não é mesmo?
      Enfim, o texto já está bem grandinho e faz meses que estou com o rascunho dele. Então deixemos ele por aqui. Organizarei melhor o cronograma de Bruxelas para depois dizer que valeu e não valeu a pena.

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