Sunday, September 25, 2011

32 quilates

Estava eu sentado a minha mesa dando rodopios em meus pensamentos afim de encontrar palavras para dar o pontapé inicial no meu novo livro. Televisão ligada em um canal no qual passava um filme clichê. Uma adolescente mal compreendida pelos pais, apaixona-se pelo garoto mais popular da escola. Por alguma razão insana, ele enxerga a essência dela. E toda aquela baboseira repete-se. "Será que devo escrever mais um texto previsível?" pensava alto. "Sim" ecoou a televisão. Demorei-me alguns segundos para perceber que o filme era americano. Seria impossível escutar tal palavra saindo da boca daqueles atores. Ao não ser que o filme fosse dublado, mas como abomino dublagens, principalmente as de novela mexicana, com certeza, mesmo que fosse apenas para preencher o silêncio da casa, o filme não seria dublado. Lembrei-me do pouco que sabia da língua inglesa, o que, no entanto, era o suficiente para saber que o que havia escutado era a palavra "sin", o que na nossa língua significa "pecado". Ali estava meu pontapé:
"A vida e suas ironias. A espécie humana tão igual em anatomia e tão diferente em cultura. Uma espécia contraditória, estranha, incompreendida na maior parte do tempo, como diriam os jovens, mais conhecidos como adolescentes, ou até mesmo, aborrecentes. A simples percepção de que uma palavra com a mesma sonoridade pode ter dois significados diferentes em cada uma das línguas em que ela é usada. "Sim", significa consentimento. "Sin", significa, ao ser traduzida para o português, pecado, que por sua vez significa vício, erro. Por quantas vezes nessa vida iremos consentir o erro? Um aborrecente como outro qualquer encarou o "sin" como um "sim", e transformou tudo aquilo que tornar-se-ia em um futuro promissor, na maior perdição de todos os tempos."
Um diamante não lapidado. Talvez essa seria a melhor definição para o começo do meu novo livro.

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