Saturday, August 27, 2011

Molho de chaves


Esse molho de chaves que carregamos: chave do carro, chave da casa, chave da gaveta, chave do cofre, chave do diário de nada servirá se não soubermos usar a chave do coração.
Há pessoas que escondem essa chave nas profundezas simplesmente pelo medo de que portas ela pode abrir. Outras deixam-na bem a vista, pois querem que todos tenham acesso a essas passagens não tão secretas.
Em que perfil você se encaixa? É daquelas pessoas que fazem pouco caso dessa chave ou a guarda como se fosse feita de ouro mesmo quando é de alumínio? No primeiro perfil há muito sofrimento, e a dor é constante, pois o dono ou a dona dessa chave não se importa que ela seja roubada, e que peguem emprestada. Depois, no entanto, sentem-se mal por terem deixado esse importante objeto tão vulnerável e disposto a pessoas que não saberão cuidar dele nem do que ele guarda.
Já no segundo perfil, também há muito sofrimento. A diferença é que quem consegue finalmente alcançar a chave nos confins dos cofres e calabouços dos sentimentos, provavelmente vai tomar mais cuidado. Ou não. Pode ser que o detentor dela nem perceba o quão é precioso que tem nas mãos e jogue fora sem nem ter dado uma olhada no que ela trancava.
Mais uma vez aquele meio termo é tão procurado. Não podemos colocar setas apontando para essa chave, muito menos escondê-la tão bem escondida que na maioria das vezes será achada por engano. Tentemos escolher quem vai ficar com ela, tentemos também não entregá-la a alguém que fará uma cópia dela e mesmo que devolva a original, sempre terá acesso irrestrito ao coração. O que sem dúvida é péssimo, pois quando quiser fugir será como se estivesse preso, perdido em um labirinto. Tentemos não destratar a chave dos outros, muito menos o conteúdo da porta que ela destranca. Tentemos amar as chaves, tanto quanto amamos quando são utilizadas.

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